EM NOME DOS PAIS: A NARRATIVA DE FILIAÇÃO NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Yuri Andrei Batista Santos (USP)

Resumo


A partir de um contexto sócio-histórico-cultural identificado como era das catástrofes, se faz recorrente uma forma de escrita de si que tematiza o trauma histórico numa intrínseca relação com a memória transmitida pelo laço intergeracional. A narrativa de filiação, como conceituado por Dominique Viart, é um fenômeno do fazer literário dos dias presentes, observável em diferentes culturas no mundo globalizado. Buscamos, nesse espaço de discussão, observar as possíveis relações entre as escritas de si, o trauma histórico e a memória transgeracional destacando na obra Em nome dos pais de Matheus Leitão os traços da narrativa de filiação postulados por Viart. Denotamos, em linhas gerais, que a narrativa de filiação, como perceptível na referida obra, delineia uma forma contemporânea de fazer literário comprometido em usar a autorreferência para romper o silêncio, as interdições e, numa percepção amplamente transitiva de literatura, narrar aquilo que é da ordem do inenarrável.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i2.2258


Palavras-chave


narrativa de filiação. escritas de si. trauma histórico. pós-memória. literatura contemporânea.

Referências


AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos, 2012.

AGAMBEN, Giorgio. Infância e história: destruição da experiência da história. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte. UFMG, 2002.

ARFUCH, Leonor. El espacio biográfico: Dilemas de la subjetividad contemporánea. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2010.

BAKHTIN, Mikhail. Notas sobre literatura, cultura e ciências humanas. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: 34, 2017.

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. 2ª ed. São Paulo: Centauro, 2013.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós – modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva, Guacira Lopes Louro. Ed.11 Rio de janeiro: DP&A, 2006.

HIRSCH, Marianne. Family frames, photography, narrative and postmemory. Harvard University Press: Cambridge, Massachussets, 2002.

HIRSCH, Marianne. The generation of postmemory. Poetics Today. No 29:1. Spring. Ithaca, 2008, p. 103-128.

HUYSSEN, Andreas. Mapping the postmodern. New German Critique.No.33. Fall. Ithaca, 1984, p.5-52.

LEITÃO, Matheus. Em nome dos pais. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017.

LIPOVETSKY, Gilles; CHARLES, Sebastien. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.

NORA, Pierre. Memória colectiva. In: LE GOFF, Jacques; CHARTIER, Roger; REVEL, Jacques (Orgs.). A história nova. Coimbra: Almedina, 1990.

NORONHA, Jovita M. G. Em nome do pai. Organon, v. 29, Porto Alegre, 2014. p. 113-134.

ROBIN, Régine. A memória saturada. Campinas: Editora da UNICAMP, 2016.

SELIGMANN-SILVA, Márcio et. ali. Catástrofe e representação. São Paulo: Escuta 2000.

SIMONET-TENANT, Françoise (org). Le Propre de l'écriture de soi. Paris: Téraèdre, 2007.

VIART, Dominique; VERCIER, Bruno. La littérature française au présent. Héritage, modernité, mutations. 2e édition augmentée. Paris: Boras, 2008.

VIART, Dominique. Le scrupule du roman. Vacarme. No.54. Invers. Paris, 2011,p. 26-28.


Texto completo: PDF ()

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .

 

 

Indexadores de Base de Dados (IBDs) 
Bases de periódicos com texto completo:




Outros Indexadores e Bancos de Dados:


Library of Congress

Sudoc - Système Universitaire de Documentation

Copac – United Kingdom

Bielefeld Academic Search Engine

CRUE / REBIUN - Catálogo de la Red de Bibliotecas Universitarias

 

Google Analytics UA-142181466-1

Macabéa – Revista Eletrônica do Netlli está avaliada no extrato B2, no QUALIS/CAPES - quadriênio 2013-2016, na área de LETRAS/LINGUÍSTICA.