O MITO DAS ERÍNIAS NA TRAGÉDIA PEDREIRA DAS ALMAS, DE JORGE ANDRADE

Renato Cândido da Silva (UFC)

Resumo


Das três versões de Pedreira das Almas (1958, 1960, 1970), do dramaturgo brasileiro Jorge Andrade, a terceira versão, que integra o volume Marta, a Árvore e o Relógio, é a mais conhecida, lida e estuda pelos pesquisadores. Mas, para que se possa tecer um estudo acerca da recepção do mito da Antiguidade clássica na obra andradiana, faz-se necessário voltar à primeira versão, pois é a primeira e a única vez em que o dramaturgo cita um mito greco-romano em sua peça – trata-se de uma descrição do Coro de mulheres como “Erínias enfurecidas”, que surge para cobrar por justiça pela morte e pelo corpo insepulto de Martiniano. Após a encenação de Pedreira das Almas, no Teatro Brasileiro de Comédia, a crítica identificou o Coro de mulheres como “desnecessário” e que “comprometeu” o desenvolvimento gradual da tensão dramática que uma tragédia exige. A crítica chegou a afirmar que Jorge Andrade não soube utilizar do recurso do Coro e, consequentemente, Pedreira das Almas apresenta “erro de construção”. O objetivo deste estudo foi o de retomar os apontamentos da crítica para constatar que não há “erro de construção” na obra andradiana, pois a descrição e configuração do Coro como “Erínias enfurecidas” – e que não foi levado em consideração pela crítica – aparece em sintonia com os propósitos do dramaturgo brasileiro.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i2.2273


Palavras-chave


Erínias. Mito. Pedreira das Almas. Jorge Andrade.

Referências


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