O ARMÁRIO E A “VIDA DE SILÊNCIO” DE CONSTANTINO CURTIS EM CLORO, DE ALEXANDRE VIDAL PORTO

Elton da Silva Rodrigues (UFSC)

Resumo


Este artigo pretende observar a construção da “vida de silêncio” de Constantino Curtis no romance Cloro (2018), de Alexandre Vidal Porto, tendo em vista a metáfora do “armário” (SEDGWICK, 2007) como um dispositivo que regula a vida de sujeitos de sexualidades desviantes em uma sociedade heterossexista. A narrativa se inicia com a morte de Constantino, um homem gay que viveu ocultando de si e dos outros a sua sexualidade. Do limbo, o personagem central rememora momentos significativos de sua vida de homossexual reprimido e de como a organizou dentro daquilo que acreditava ser normal: um homem heterossexual profissionalmente bem-sucedido, casado e com filhos. Como um “homem gay no armário”, Constantino Curtis adota uma série de atos, gestos e signos que, além de reforçarem a construção de seu corpo como um corpo masculino, procuram atribuir a si uma heterossexualidade. A adoção de tais comportamentos e a atuação de sua performance como homem heterossexual são frutos de uma heterossexualidade compulsória (RICH, 2012) que estabelece um sistema heteronormativo e produz o armário como “mecanismo de defesa”. Assim, o relato dessa “vida de silêncio” ficcional esboça temas pertinentes aos estudos queer e aborda a continuidade de um modo de existência de homossexuais em uma sociedade heterossexista.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i3.2336


Palavras-chave


Dispositivo do armário; Literatura brasileira contemporânea; Teoria queer

Referências


BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade. Tradução de Renato Aguiar. 16. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

FOSTER, David William. Ensayos sobre culturas homoeróticas latinoamericanas. Ciudad Juárez, Chih.: Universidad Autónoma de Ciudad Juárez, 2009.

FOUCAULT, Michel. A história da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque 3. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2015.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.

LAURETIS, Teresa de. A tecnologia do gênero. Tradução de Susana Bornéo Funck. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 206-242.

LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaio sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

RICH, Adrienne. Heterossexualidade compulsória e existência lésbica. Tradução de Carlos Guilherme do Valle. Revista Bagoas, Natal, v. 4, n. 5, p. 17-44, 27 nov. 2012.

SCOTT, Joan. A invisibilidade da experiência. Tradução de Lucia Haddad. Projeto História, São Paulo, v. 16, p. 297-325, fev. 1998.

SEDGWICK, Eve Kosofsky. A epistemologia do armário. Tradução de Plínio Dentzien. Cadernos Pagu, Campinas, n. 28, p. 19-54, jan./jun. 2007.

PERASSOLO, João. ‘Cloro’ traz uma personagem homossexual que leva ‘uma vida de silêncio’, diz autor. Folha de S. Paulo, São Paulo, 24 nov. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/11/cloro-traz-personagem-homossexual-que-leva-uma-vida-de-silencio-diz-autor.shtml. Acesso em 17 ago. 2019.

PORTO, Alexandre Vidal. Cloro. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.


Texto completo: PDF

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .

 

 

Indexadores de Base de Dados (IBDs) 
Bases de periódicos com texto completo:




Outros Indexadores e Bancos de Dados:


Library of Congress

Sudoc - Système Universitaire de Documentation

Copac – United Kingdom

Bielefeld Academic Search Engine

CRUE / REBIUN - Catálogo de la Red de Bibliotecas Universitarias

 

Google Analytics UA-142181466-1

Macabéa – Revista Eletrônica do Netlli está avaliada no extrato B2, no QUALIS/CAPES - quadriênio 2013-2016, na área de LETRAS/LINGUÍSTICA.