CONSIDERAÇÕES SOBRE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS DE EDUCAÇÃO INTERCULTURAL

Luana Ewald (UFSC)

Resumo


A discussão acerca da educação intercultural pretende refletir no direito de comunidades minoritárias ao acesso à sua língua em contexto escolar, na gestão educacional e no diálogo cultural, para além da “celebração pós-moderna da diversidade” (LÓPEZ, 2013). No presente artigo, objetiva-se refletir sobre o debate voltado aos movimentos políticos que subjazem orientações educacionais para comunidades de língua de imigração alemã no Sul do Brasil ao longo de um recorte da história linguística nacional. Para tanto, à luz de um debate crítico sobre políticas linguísticas, por meio de uma revisão bibliográfica, retomam-se e problematizam-se discussões de pesquisas situadas em contexto de línguas minoritarizadas, mais especificamente de imigração, como é o caso da língua alemã falada em Santa Catarina, região Sul do país. Estudos têm sinalizado para a relação de subalternidade que grupos de minorias linguísticas no Brasil sofrem ao longo de uma história de exclusão social e política, como resultado de práticas de invisibilização. Essas práticas, fortemente vinculadas a ideologias que constroem uma representação idealizada de identidade nacional e de língua legítima, constituem barreiras aos direitos humanos de maneira geral, consequentemente promovendo a injustiça social.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i4.2519


Palavras-chave


Línguas minoritarizadas. Educação intercultural. Multilinguismo. Língua de imigração alemã.

Referências


ALTENHOFEN, C. V. Migrações e contatos linguísticos na perspectiva da geolinguística pluridimensional e contatual. Estudos Linguísticos, Sinop, v. 6, n. 12, p. 31-52, jul./dez. 2013. Disponível em: http://sinop.unemat.br/projetos/revista/index.php/norteamentos/article/view/1216/860. Acesso em: 26 jun. 2020.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto, 1999.

CAVALCANTI, M. C. Estudos sobre educação bilíngüe e escolarização em contextos de minorias lingüísticas no Brasil. DELTA - Documentação de Estudo em Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo, 15, número especial, p. 385-418, 1999.

CAVALCANTI, M. C. Bi/multilinguismo, escolarização e o (re)conhecimento de contextos minoritários, minoritarizados e invisibilizados. In: MAGALHÃES, M. C. C.; FIDALGO, S. S.; SHIMOURA, A. S. (Orgs.). A formação no contexto escolar: uma perspectiva crítico-colaborativa. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2011. p. 171-185.

EWALD, L. “Essa mancha ficou!”: memórias sobre práticas de letramento em cenário de imigração alemã. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2014.

GROSJEAN, François. The bilingual as a competent but specific speaker-hearer. In: CRUZ-FERREIRA, M. Multilingual Norms. Frankfurt am Main: Peter Lang, 2010. p. 19-31.

HAUGEN, Einer. Dialeto, língua, nação. In: BAGNO, M. (Org.) Norma linguística. São Paulo: Loyola, 2011. p. 95-112.

HEUGH, K.; STROUD, C. Diversities, affinities and diaspora: a southern lens and methodology for understanding multilingualisms. Current Issues in Language Plannin, v. 20, n. 1, p. 1-15, 2018.

KUBOTA, R Multi/plural turn, postcolonial theory, multiculuturalism. Complicities and implications. Applied Linguistics, v. 37, n. 4, p. 474-498, 2016.

LAGARES, Xoán Carlos. Qual política linguística? Desafios glotopolíticos contemporâneos. São Paulo: Parábola, 2018.

LÓPEZ, L. E. Desconexiones entre retórica y práctica en la educación intercultural bilingue indígena em latinoamérica. In: NICOLAIDES, C.; SILVA, K. A.; TILIO, R.; ROCHA, C. H. (Orgs.). Política e políticas linguísticas. Campinas: Pontes Editores, 2013. p. 135-180.

LUCENA, M. I. P.; NASCIMENTO, A. M. Práticas (trans)comunicativas contemporâneas: uma discussão sobre dois conceitos fundamentais. Revista da Anpoll, v. 1, n. 40 (2016), p 46-57, 2016. Disponível em: . Acesso em: 26 jun. 2020

LUNA, J.M. de F. O Português na Escola Alemã de Blumenau: da formação à extinção de uma prática. Itajaí: Ed. da Univalli e Ed. da Furb, 2000.

MAHER, T. M. Do casulo ao movimento: a suspensão das certezas na educação bilíngüe e intercultural. In: CAVALCANTI, M.; BORTONI-RICARDO, S. M. (orgs.) Transculturalidade, linguagem e educação. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007. pp. 67-94.

MAILER, V. C. O. O alemão em Blumenau: uma questão de identidade e cidadania. Florianópolis: UFSC, 2003. 95f. Dissertação (Mestrado). Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

MORELLO, R. Censos nacionais e perspectivas políticas para as línguas brasileiras. Revista Brasileira de Estudos de População, Rio de Janeiro, p 1-9, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbepop/2016nahead/0102-3098-rbepop-2016a0041.pdf. Acesso em 26 jun. 2020.

OLIVEIRA, G. M. Prefácio. In: CALVET, L. J. As políticas linguísticas. Tradução: Isabel de Oliveira Duarte; Jonas Tenfen; Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial: IPOL, 2007.

PINTO, M. G. L. C. O plurilinguismo: um trunfo? Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 48, n. 3, p. 369-379, jul./set. 2013. Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/78832/2/76752.pdf. Acesso em26 jun. 2020.

SEYFERTH, G. A estratégia do branqueamento. Ciência Hoje, v. 5, n. 25, p. 54-56, 1986.

SEYFERTH, G. A assimilação dos imigrantes como questão nacional. Mana – Estudos da Antropologia Social, Rio de Janeiro, v.3, n.1, p. 95-131, Apr. 1997.

SEYFERTH, G. Etnicidade, Política e Ascensão Social: um exemplo teuto-brasileiro. Mana - Estudos de Antropologia Social, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, s.p., 1999.

SILVA, T. T. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, T. T. (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. 11ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012, p. 73 – 102.


Texto completo: PDF

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .

 

 

Indexadores de Base de Dados (IBDs) 
Bases de periódicos com texto completo:




Outros Indexadores e Bancos de Dados:


Library of Congress

Sudoc - Système Universitaire de Documentation

Copac – United Kingdom

Bielefeld Academic Search Engine

CRUE / REBIUN - Catálogo de la Red de Bibliotecas Universitarias

 

Google Analytics UA-142181466-1

Macabéa – Revista Eletrônica do Netlli está avaliada no extrato B2, no QUALIS/CAPES - quadriênio 2013-2016, na área de LETRAS/LINGUÍSTICA.