CONSIDERAÇÕES SOBRE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS DE EDUCAÇÃO INTERCULTURAL
Resumo
A discussão acerca da educação intercultural pretende refletir no direito de comunidades minoritárias ao acesso à sua língua em contexto escolar, na gestão educacional e no diálogo cultural, para além da “celebração pós-moderna da diversidade” (LÓPEZ, 2013). No presente artigo, objetiva-se refletir sobre o debate voltado aos movimentos políticos que subjazem orientações educacionais para comunidades de língua de imigração alemã no Sul do Brasil ao longo de um recorte da história linguística nacional. Para tanto, à luz de um debate crítico sobre políticas linguísticas, por meio de uma revisão bibliográfica, retomam-se e problematizam-se discussões de pesquisas situadas em contexto de línguas minoritarizadas, mais especificamente de imigração, como é o caso da língua alemã falada em Santa Catarina, região Sul do país. Estudos têm sinalizado para a relação de subalternidade que grupos de minorias linguísticas no Brasil sofrem ao longo de uma história de exclusão social e política, como resultado de práticas de invisibilização. Essas práticas, fortemente vinculadas a ideologias que constroem uma representação idealizada de identidade nacional e de língua legítima, constituem barreiras aos direitos humanos de maneira geral, consequentemente promovendo a injustiça social.
DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i4.2519
Palavras-chave
Referências
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