O LIDO E O VIVIDO: LEITURA E ENGAJAMENTO EMOCIONAL EM AS VÍTIMAS-ALGOZES

Arthur Katrein Mora (FURG)

Resumo


Em obras literárias de caráter particular a um contexto histórico, como as três novelas abolicionistas que compõem As vítimas-algozes (1869), de Joaquim Manuel de Macedo, o leitor moderno é submetido a um texto cujo horizonte moral evidencia o racismo como doutrina hegemônica do Brasil Imperial. O contato franco com um texto legitimador desses valores evoca reações emocionais cujas origens o presente trabalho contempla sob dois enfoques: a) o âmbito interior da recepção, no domínio cognitivo do leitor individual, através dos conceitos de “vazio” e “romance de tese” na estética da recepção de Wolfgang Iser (1979), e de impacto da leitura conforme Vincent Jouve (2002); e b) os retratos da mentalidade leitora do século XIX, segundo Regina Zilbermann e Marisa Lajolo (1999). O parecer crítico sugere a adequação do ato de leitura contemporâneo, sob a compreensão do intenso racismo ostentado nas páginas das novelas em questão, em descartar ressalvas relacionadas ao período histórico e seus “padrões culturais”. Essa intromissão emocional da revolta indignada nega ao leitor a indiferença, suspende a discriminação entre o lido e o vivido, e propicia a atuação da ficção literária em dimensões sociais.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i4.2524


Palavras-chave


Leitura; Romantismo brasileiro; Estética da recepção

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