MORFOLOGIA AGLUTINANTE NO PORTUGUÊS ANGOLANO FORMAÇÃO DE NEOLOGISMOS HÍBRIDOS

Hilton Fortuna Daniel (UNL)

Resumo


O português vernáculo de Angola tem-se mostrado, com certa incidência, com uma morfologia aglutinante. Por isso, este estudo tem como objetivo a análise dos processos de formação de neologismos resultantes de hibridismos entre as línguas nativas angolanas e o português. Estes neologismos têm-se mostrado produtivos e enriquecedores para a variante do português falado localmente, a qual congrega elementos vernaculares referentes às línguas bantu e morfemas latinos incorporados através da única língua oficial em Angola. Servindo-nos, principalmente, de recolhas de vocábulos em obras literárias de referência, as quais constituem os corpora do presente estudo, apresentamos cinquenta neologismos híbridos, tendo por base o quimbundo, o umbundo, o tchókwe, o quicongo e formantes afixais latinos. Estes neologismos constituem um aporte de natureza deverbal, deadjetival e denominal que resultam das adjunções interlinguísticas. Com este estudo, pretendemos compreender a sistematização e operação a que os falantes procedem ao longo dos tempos, considerando as variedades linguísticas locais.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i4.2793


Palavras-chave


Neologismos; Hibridismos; Português de Angola

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