RASTROS DE UM DISCURSO PARATÓPICO NA OBRA DE CARL JUNG
Resumo
Este artigo perfaz uma análise da inscrição da autoria no campo da Psicologia, a partir de textos que apresentam cenografia literária e autobiográfica produzidos por Carl Gustav Jung (1875-1961). Na história dos estudos do texto há diversas abordagens sobre as relações e associações entre autor e obra, mas a análise dos problemas ligados à autoria pela ótica do discurso é um trabalho relativamente recente. O quadro teórico da Análise do discurso, conforme a pratica Maingueneau (2018), dispõe de conceitos que abrangem aspectos pouco considerados da perspectiva discursiva sobre a autoria de textos. No percurso do estudo são desenvolvidas as noções de discurso constituinte e paratopia. Demonstro a aplicabilidade destes conceitos ao estudo das inscrições autorais no discurso psicológico. São analisados enunciados da obra de Jung, partindo da hipótese de que a atividade de produção textual desse autor o inscreve em um posicionamento de forma paradoxal: para autoconstituir-se, a Psicologia analítica desestabiliza as fronteiras do campo científico. Ao reafirmar a tese de que enunciar é criar as condições da própria enunciação, o objetivo deste estudo é demonstrar que o posicionamento de Jung no campo psicológico funciona através de um discurso paratópico que legitima uma prática profissional, uma área do conhecimento humano e seu objeto.
DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v10i5.3411
Palavras-chave
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