A SINTAXE DOS PRONOMES CLÍTICOS NO PORTUGUÊS FALADO EM FEIRA DE SANTANA-BA: UMA COMPARAÇÃO COM O PORTUGUÊS LUANDENSE
Resumo
Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi utilizado o quadro teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968]; LABOV, 2008 [1972]), com o objetivo de investigar a colocação dos pronomes clíticos na norma culta e popular do português falado na cidade de Feira de Santana-BA e comparar os resultados obtidos com os alcançados por Araújo e Silva (2018) na variedade angolana. Ao contrastar variedades urbanas da língua portuguesa faladas em duas ex-colônias de Portugal, este trabalho busca contribuir com os estudos sobre o contato linguístico na formação do português brasileiro (PB), analisando as semelhanças e as diferenças entre ambas no que concerne ao fenômeno variável em foco. Por serem variedades nacionais constituídas em circunstância histórica de intenso contato entre línguas, a hipótese que aventamos é a de que haveria semelhança entre o PB e o português angolano (PA), sendo a próclise a colocação com maior frequência de uso em ambas as variedades. Para tanto, foram utilizados dados orais coletados em entrevistas sociolinguísticas que fazem parte do acervo linguístico dos projetos “A língua portuguesa no semiárido baiano – Fase III” e “Em busca das raízes do português brasileiro – Fase III: estudos morfossintáticos”, ambos sediados no Núcleo de Estudo da Língua Portuguesa (NELP) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Os resultados alcançados apontam para uma mudança em progresso na implementação da variante proclítica no português feirense e uma semelhança com o português luandense, confirmando, dessa forma, a hipótese inicialmente levantada.
DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v8i2.1961
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