CONTRIBUIÇÕES DA LINGUÍSTICA HISTÓRICA AOS ESTUDOS TOPONÍMICOS BRASILEIROS
Resumo
Neste texto, discutimos aspectos que relacionam os nomes de lugares, como objeto de pesquisa do quadro da ciência linguística, a elementos histórico-linguísticos, apresentando um debate acerca das contribuições teórico-metodológicas da Linguística Histórica aos estudos toponímicos brasileiros. Inicialmente, apresentamos um histórico de pesquisas e de abordagens toponímicas, como demonstração de uma relação umbilical e ainda produtiva entre as áreas, e destacamos que investigações numa perspectiva histórico-cultural, embasadas, dentre outros, em postulados da Filologia e da Linguística Histórica, permitem descortinar aspectos intralinguísticos e sócio-históricos, visto que tais nomes podem ser tomados como dados linguísticos, como evidências históricas e como objetos histórico-culturais, produtos da interação entre língua(gem), identidade e política territorial. Como exemplo prático, em prol da validação de nossa discussão teórico-metodológica, descrevemos e analisamos qualitativamente a ocorrência do radical ita – pedra, em tupi – em cinco topônimos municipais do estado de Sergipe: Itabaiana, Itabaianinha, Itabi, Itaporanga d‘Ajuda e Santa Luzia do Itanhy. A análise do conteúdo ratificou que o uso de corpora datados e localizados e a compreensão de postulados de mudança linguística são benéficos para explicar, com maior fidedignidade, quando, por quem e por quais motivações tais nomes foram cunhados.
DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v8i2.1995
Palavras-chave
Referências
APES – Arquivo Público Estadual. BAPE: Boletim do Arquivo Público Estadual. Aracaju: APES/Setor de Divulgação, ano III, nº 4, Jun. 1984, 63 p.
BALDINGER, Kurt. Semasiologia e onomasiologia. ALFA: Revista de Linguística, v. 9, 1966.
BERG, Lawrence D.; VUOLTEENAHO, Jani (Ed.). Critical toponymies: The contested politics of place naming. Ashgate Publishing, Ltd., 2009.
BUENO, Francisco da Silveira. Vocabulário Tupi-Guarani/Português. 7. ed. São Paulo: Vidalivros, 2008.
CAMBRAIA, César Nardelli. Introdução à crítica textual. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
CARDOSO, Armando Levy. Toponímia Brasílica. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1961.
CARTA de Sesmaria de Antonio Luis, 1602. Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. CD 0024. Livro 2, [fol. 124(159)-125v(160v)].
CARTA de Sesmaria de Cristovan Rabello Dazevedo, 1596. Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. CD 0024. Livro 1, [fol. 31v-32v].
CARVALHINHOS, Patricia de Jesus; ANTUNES, Alessandra Martins. Toponímia brasileira. Origens históricas. XI Congresso Nacional de Linguistica e Filologia, 2007, Rio de Janeiro: Cadernos do CNLF - Livro dos Minicursos. Rio de Janeiro: Cifefil, 2007. v. XI. p. 141-158.
CARVALHO, Francisco de Assis. Entre a palavra e o chão: memória toponímica da Estrada Real. 2012. Tese (Doutorado em Semiótica e Lingüística Geral) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
CHIARADIA, Clóvis. Dicionário de palavras brasileiras de origem indígena. São Paulo, Limiar, 2008, 708p.
COATES, Richard. Names and Historical Linguistics. In: HOUGH, Carole (Ed.) The Oxford Handbook of Names and Naming. Series: Oxford handbooks in linguistics. Oxford: Oxford University Press, p. 525-539, 2016.
CONCEIÇÃO, José Carlos; GUIMARÃES, Tayronne. Itabaianinha em fatos e fotos. Aracaju: Infographics, 2017.
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasília: Universidade de Brasília, 1998.
DAUZAT, Albert. Le noms de lieux: Origine et évolution. Paris: Delagrave, 1928.
DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. O Sistema Onomástico: Bases Lexicais e Terminológicas, Produção e Freqüência. As Ciências do Léxico: Lexicologia Lexicografia e Terminologia. vol. I. 2. ed. Campo Grande, 2001. p. 79-90.
______. Contribuição do Léxico Indígena e Africano ao Português do Brasil. In: Congresso Internacional de Lusitanistas, 2000, Rio de Janeiro, 1999. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2018.
______. Métodos e Questões Terminológicas na Onomástica. Estudo de Caso: o Atlas Toponímico do Estado de São Paulo. Investigações (Recife), Recife, v. 9, p. 119-148, 1999.
______. A motivação toponímica e a realidade brasileira. São Paulo: Arquivo do Estado de São Paulo, 1990a.
______. Toponímia e antroponímia do Brasil. Coletânea de Estudos. 2. ed. São Paulo: Serviço de Artes Gráficas da FFLCH/USP, 1990b. 224 p.
DRUMOND, Carlos. Contribuição do Bororo à toponímia brasílica. São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros/USP, 1965, 134p.
DUBOIS, Jean et al.. Dicionário de linguística. São Paulo: Cultrix, 2006.
FERNANDES, I. Xavier. Topônimos e gentílicos. Porto: Educação Nacional, 1941, vol. 1.
FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1977 [1891].
GUARANÁ, Armindo. Glossário Etimológico dos nomes da Língua Tupi na Geografia do Estado de Sergipe. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, ano II, vol. II, n° 5, p. 297-326, 1916.
HADJÚ, Mihály. The History of Onomastics. Budapest: Osiris Kiadó, 2003.
HOUGH, Carole (Ed.) The Oxford Handbook of Names and Naming. Series: Oxford handbooks in linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2016.
IBGE. IBGE Cidades, 2019. Disponível em: < https://biblioteca.ibge.gov.br/> Último acesso em: 13 jan. 2019.
ISQUERDO, Aparecida Negri. La recherche toponymique au Brésil: une perspective historiographique. Cahiers de lexicologie: Revue internationale de lexicologie et lexicographie, n. 101, p. 15-36, 2012.
ITABI. In: Wikipédia, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2019. Disponível em: . Acesso em: 01 abr. 2019.
MASSINI-CAGLIARI, Gladis. O que é fazer pesquisa em Linguística Histórica?. In: GONÇALVES, Adair Vieira; GÓIS, Marcos Lúcio de Sousa (Org.). Ciências da Linguagem: o fazer científico?. Campinas: Mercado de Letras, 2012, v. 1, p. 267-292.
MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia. Caminhos da Linguística Histórica: “ouvir o inaudível”. São Paulo: Parábola, 2008, 208p.
MATTOS E SILVA, Rosa Virginia. A tessitura do léxico de uma língua histórica. I Congresso Internacional de Estudos do Léxico. Salvador, 2011 (Conferência de Abertura). Disponível em Acesso em: 10 nov. 2018.
MENDONÇA, Renato. A influência africana no português do Brasil. Brasília: FUNAG, 2012 [1933].
MENEZES, Paulo. Toponímia Brasileira. I Simpósio Pan-Americano de Toponímia (SIPAT). Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 03 maio 2017 (comunicação oral).
MENEZES, Wanderley. Considerações sobre a etimologia da palavra “itabaiana”. Interdisciplinar. v. 6, nº. 6. p. 155-165. Jul/Dez de 2008.
SAMPAIO, Theodoro. O Tupi na Geographia Nacional. Memoria lida no Instituto Historico e Geographico de S. Paulo. São Paulo: Typ. da Casa Eclectica. Disponível em: .
SANTOS, Cezar Alexandre Neri. De Cirigype a Sergipe Del Rey: os topônimos nas cartas de sesmarias (1594-1623) / Orientadora: Lêda Pires Corrêa. São Cristóvão, 2012. 191 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal de Sergipe, 2012.
______. A toponímia em Sergipe: descrição e análise / Orientadora: Orientadora: Silvana Soares Costa Ribeiro. Coorientadora: Célia Marques Telles. Salvador, 2019. 351 f. Tese (Doutorado em Língua e Cultura) – Universidade Federal da Bahia, 2019.
TAYLOR, Simon. Methodologies in place-name Research. In: HOUGH, Carole (Ed.) The Oxford Handbook of Names and Naming. Series: Oxford handbooks in linguistics. Oxford: Oxford University Press, p. 69-86, 2016.
TENT, Jan. Approaches to Research in Toponymy. Names. 63:2, 65-74.
VICENTE, Flávia Daianna Calcabrine. Além e aquém de Sergipe do Conde e Tatuapara: os topônimos no Livro Velho do Tombo. 2013. Dissertação (Mestrado em Língua e Cultura), Universidade Federal da Bahia. Orientadora: Célia Marques Telles. Salvador, 2013.
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .
Indexadores de Base de Dados (IBDs)
Bases de periódicos com texto completo:
Outros Indexadores e Bancos de Dados:
Sudoc - Système Universitaire de Documentation
Bielefeld Academic Search Engine
CRUE / REBIUN - Catálogo de la Red de Bibliotecas Universitarias
Google Analytics UA-142181466-1
Macabéa – Revista Eletrônica do Netlli está avaliada no extrato B2, no QUALIS/CAPES - quadriênio 2013-2016, na área de LETRAS/LINGUÍSTICA.