EDUCAÇÃO FORMAL E INFORMAL EM O SEMINARISTA, DE BERNARDO JOAQUIM DA SILVA GUIMARÃES

Cleiry de Oliveira Carvalho (UNB)

Resumo


O Seminarista, de Bernardo Guimarães, foi selecionado para este artigo porque possibilita discutir o ensino em instituições religiosas, que teve grande importância no Brasil, mesmo depois do fim do monopólio jesuítico, discutindo ao mesmo tempo a desigualdade de gênero e de classe no acesso à educação no período imperial — especificamente na oposição Eugênio-Margarida. Essa obra normalmente é associada a uma crítica ao celibato clerical e Bernardo Guimarães se estabeleceu em nosso cânone literário na condição de romancista pouco festejado pelos críticos. Como se verá, esse romance possibilita encetar uma discussão abrangente sobre a educação a partir da representação do ensino numa instituição religiosa de ensino nessa obra de Bernardo Guimarães. Pelo fato de que essa escola, considerando sua ênfase na instrução religiosa, foi muito representativa na formação dos jovens estudantes brasileiros de então, a obra de Guimarães possibilita investigar questões importantes para o desenvolvimento do eixo temático crítico deste artigo: a imposição da formação religiosa a um dos filhos foi, na época, a prática de muitas famílias brasileiras que viam no serviço eclesiástico a possibilidade de sua própria ascensão. Minha conclusão é que a arquitetura formal da narrativa amorosa internaliza as realidades histórica e social da educação do patriciado rural do século XIX, configurando-se como objetivação estética de uma crítica incisiva não somente ao imperativo repressivo do celibato clerical (elemento ordinariamente considerado como a questão central do romance), mas sobretudo aos modos de enclausuramento formal e informal observados na educação de uma época em que a escola era estruturada sobre o princípio da coerção.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i1.2188


Palavras-chave


Educação. Bernardo Guimarães. O Seminarista. Violência

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