ALBERT CAMUS, ESTADO DE EXCEÇÃO E O ESPETÁCULO BÁRBARO DA ANOMIA JURÍDICA: FORMALIZAÇÃO ESTÉTICA DIANTE DO PROCESSO HISTÓRICO-SOCIAL NAZIFASCISTA
Resumo
Procurou-se neste artigo refletir e explicitar as relações existentes entre literatura e política no que concerne a peça Estado de sítio, de Albert Camus (1913-1960). Lançada em 1948, no fim do contexto histórico-social denominado por Hobsbaw (1995) como a “era da catástrofe”, a peça tematiza uma pandemia que assola a cidade litorânea de Cádiz, a fim de realizar uma alegoria acerca das atrocidades ideológicas da ambição totalitária nazifascista de regimes de direita e extrema-direita que progressivamente se consolidaram na Europa a partir da década de 1920. A abordagem propõe, assim, a hipótese de que há na peça Estado de sítio uma formalização estética de mecanismos de ordenamento jurídico-políticos próprios ao Estado de exceção (AGAMBEN, 2004), que leva os personagens a um estado de anomia a partir da violência sistêmico-simbólica (ŽIŽEK, 2014).
DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i4.2480
Palavras-chave
Referências
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