A ENTREVISTA DE NARRATIVA DE VIDA: UMA ABORDAGEM QUE REVELA UM GÊNERO
Resumo
Este trabalho tem como objetivo abordar as estratégias de elaboração e execução de entrevistas de narrativas de vida como método para a produção de dados para pesquisa qualitativa na área das Ciências Sociais e Humanas. A entrevista de narrativa de vida tem peculiaridades específicas que são geradas pelo próprio gênero e que precisam ser contempladas, para que se produza uma relação entre a história que se conta e o contexto sócio-histórico. Os sentidos, as crenças, os valores sobre si e sobre o mundo, expostos a cada enunciado, encaminham e justificam as ações dos informantes, além de fazerem emergir a representação de eu particular, mas não independente do corpo social. A perspectiva adotada aqui é a da narrativa de vida etnossociológica, formulada por Bertaux (2010), além do dialogismo de Bakhtin (2016), num debate sobre as latências de análise que as investigações das histórias de vida revelam sobre os fenômenos sociais. Ricoeur (1997) apresenta as implicações de um eu localizado historicamente no presente, mas que se referencia no passado e no futuro. A discursivização da experiência como ação sobre si mesmo expõe um modo artesanal e cotidiano de comunicação. O processo de coleta de histórias é também parte da narrativização e, como tal, necessita de tanta atenção quanto o momento de análise. Em se tratando de narrativas de vida, o encontro de duas singularidades exige comprometimento e reciprocidade para a criação de um discurso de identidade.
DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i4.2629
Palavras-chave
Referências
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