O DIÁLOGO DA NATUREZA E A TRAVESSIA DA PALAVRA EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS

Pedro Vieira de Castro

Resumo


Romance mundialmente conhecido de Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas se apresenta como um diálogo, uma vez que se inicia com um travessão inicial, porém não dá voz ao suposto receptor. Para quem, então, se está narrando? A partir desse estranhamento nos debruçamos sobre um estudo acerca da palavra diálogo, que tem como prefixo –dia e radical logos, nos levando aos primeiros pensamentos da Grécia Antiga com Heráclito de Éfeso. Os desdobramentos do lógos heraclítico abrem caminho para entender a natureza rosiana, que resgata a sua origem grega physis, bem como a palavra travessia. Esta, por conseguinte, revela múltiplas veredas pelo sertão narrado por um Riobaldo que quer saber da “matéria vertente”. Faz-se, portanto, um jogo de palavra a partir do radical vertere, que dialoga com os principais elementos poéticos de Rosa, bem como decifra o caráter transcorrente de uma estória contada por um narrador que transborda sua existência para o texto narrado, fluidamente, como um rio, semelhante ao de Heráclito, no qual não adentramos duas vezes.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v10i1.2989


Palavras-chave


Diálogo. Physis. Travessia. Riobaldo. Vertere

Referências


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