A REPRESENTAÇÃO DA CULTURA POPULAR EM ALFARRÁBIOS, DE JOSÉ DE ALENCAR: ENTRE O HISTÓRICO E O LENDÁRIO
Resumo
Este estudo propõe analisar os modos de inscrição da cultura popular no texto Alfarrábios: crônicas dos tempos coloniais (1873), de José de Alencar, atentando-se aos procedimentos estéticos com que a obra ficcionaliza as manifestações do povo no período seiscentista – época abordada pelas crônicas constituintes do livro. O gênero adotado por Alencar em Alfarrábios suscita reflexões sobre as zonas de contato entre história e ficção; nomeados de “crônicas”, os textos são construídos à maneira das crônicas coloniais, mas permeáveis à inventividade literária que se sintoniza com o repertório popular a fim de preencher as lacunas da história deixadas pelos registros oficiais. A crônica surge em Alfarrábios como um gênero particular de ficção breve, que permite articular a reconstituição de fatos históricos do Brasil Colonial com as tradições do povo, entrevistas em fábulas, superstições e lendas, que se configuram como materiais transmitidos oralmente e tradutores da cosmovisão da “gente comum” e dos conflitos sociais nos seiscentos. Tais características nos possibilita ler os textos de Alfarrábios à luz do contexto da discussão sobre a cultura popular e as fronteiras entre os gêneros e os limites entre ficção e história que ocuparam os letrados durante o século XIX. Desse modo, o objetivo deste trabalho é investigar como a obra convoca as tradições populares ao espaço central da trama e abre expediente para operar com tensões entre o cotidiano, o componente histórico, e os elementos do maravilhoso, comuns às narrativas populares, o que coloca em relevo a exploração da imaginação artística, aproximando a linguagem literária dos aspectos do imaginário popular.
DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v10i5.3306
Palavras-chave
Referências
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Fonte Primária
Correio Mercantil
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