ANTROPOFAGIAS: AS MICROFICÇÕES DE DALTON TREVISAN E RÉGIS JAUFFRET
Resumo
Em Microfictions, Régis Jauffret, qual autor mefistotélico, compraz-se em descer até ao abismo da condição humana, no que ela apresenta de mais opaco (a loucura), oferecendo-nos um universo de personagens pautadas largamente pela anomalia e, consequentemente, pela transgressão. Trata-se de destinos anónimos e banais, mas que no seu conjunto traçam um quadro dantesco (embora não isento de tragicomédia) em virtude da alienação de que padece toda essa gente. Alienação da qual a crueldade é não poucas vezes co-extensiva e que se revela através de psicopatias diversas e pelo viés de crimes hediondos. Semelhantemente, a microficção de Dalton Trevisan, autor de culto de Curitiba com uma obra micro-ficcional assaz abundante, enfatiza existências igualmente alienadas pelo crime ou, no melhor dos casos (e isso no quadro familiar), por relações sentimentais onde a felicidade conjugal e o amor idealizado, se alguma vez existiram segundo o cânone da mitologia romântica e tardo-romântica, cederam rapidamente lugar à danação antropofágica. Assim, propomo-nos ler comparativamente o círculo infernal (digamos) que parece nutrir tanto as personagens de Jauffret como as de Trevisan naquilo que é suscetível de as compaginar: a violência inclemente.
DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v2i1.433
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