DA ABUNDÂNCIA DAS LETRAS À ESCASSEZ DA COMIDA: O LETRADO E O NÃO LETRADO COMO IDENTIFICAÇÕES DA MASCULINIDADE EM TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA E VIDAS SECAS

George Patrick do Nascimento (UERN), Roniê Rodrigues da Silva (UERN)

Resumo


A noção de gênero masculino constituiu-se, por vezes, nos primeiros 50 anos da República, num embate simbólico entre ideologias patriarcais e ideologias de emancipação. A sociedade estava em vias de transformação e os conceitos de masculinização e feminização também se alteravam. Nesse sentido, conforme evidencia-se no discurso histórico de Albuquerque Júnior (2013), o homem do início da Proclamação da República, possuidor dos estigmas de citadino, sudestino e letrado era mais propenso a características socialmente feminizadas do que o homem rural, nordestino e analfabeto das décadas de 20, 30 e 40. Para exemplificar essa premissa, este trabalho se propõe a analisar a construção identitária das personagens Policarpo Quaresma (da obra Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto) e Fabiano (da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos), problematizando como estes protagonistas são exemplos de homens brasileiros, cujos níveis de escolaridade, apesar de distintos, são meios pelos quais os dois sofrem as suas específicas frustrações em seus respectivos contextos de atuação.

Palavras-chave: Identidade. Representação. Gênero. Masculinidade.

 


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