VARIAÇÃO MORFOLÓGICA: APROXIMAÇÕES ENTRE DIALETOLOGIA E DIACRONIA

Natival Almeida Simões Neto (UFBA)

Resumo


O presente trabalho explora a variação morfológica nos estudos dialetológicos e nos estudos morfológicos em perspectiva histórica e/ou diacrônica. Observa-se o que tem sido analisado como variação morfológica na literatura, partindo-se de um exemplo dado por Bagno (2007, p. 40). Esse autor, dentro de uma perspectiva sociolinguística, tratou o par pegajoso e peguento como variação morfológica, pois se usam sufixos diferentes para expressar um mesmo significado. Com base nessa formulação, neste artigo, busca-se: (i) encontrar, em outros enquadres teóricos (a saber: linguístico-históricos, semântico-lexicais, gerativistas e cognitivistas), o que tem sido mencionado e/ou o que pode ser inferido a respeito da variação morfológica; (ii) e expandir a noção de variação morfológica para outros contextos. Assim, além da variação de sufixos, são incluídos: (a) os casos de variação de prefixos; (b) os casos dos prefixos expletivos; (c) a variação da seleção dos elementos constituintes nos compostos; (d) a variação da ordem dos elementos constituintes dos compostos; e (e) a variação semântica (polissemia) que um elemento formativo pode exibir. Esses fenômenos foram analisados com base nos trabalhos de Soledade (2005, 2013), Santos (2009), Lopes (2013), Simões Neto e Soledade (2013), Moraes (2015) Freitas (2016) e Simões Neto (2016).

PALAVRAS-CHAVE: Variação morfológica. Linguística histórica. Dialetologia. Língua portuguesa.

DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v7i1.1552


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