A metáfora como dispositivo cognitivo-discursivo de construção da textualidade sobre corpo no espiritismo e no xamanismo yanomami

Bruno Santo

Resumo


Neste artigo busca-se observar como a metáfora, entendida aqui não como um recurso de embelezamento textual, mas sim como um construto basilar da linguagem, da cognição e do discurso, desenha a textualidade, ou seja, a cosmologia escrita do espiritismo e do xamanismo yanomami acerca do corpo. Metáforas tais quais ENCARNAÇÃO É UMA VIAGEM, CORPO É O VEÍCULO DA EVOLUÇÃO, CORPO É A ESCOLA DO ESPÍRITO, CORPO É UM INSTRUMENTO DE DEUS / CORPO É UM EDIFICIO, CORPO É UMA MONTAGEM DE PEÇAS, CORPO É UM AUTO-FALANTE, CORPO É UMA PORTA foram identificadas, respectivamente, agenciando cognitivo-discursivamente essas concepções em O livro dos espíritos (KARDEC, 2009[1857]) e na obra A queda do céu: palavras de um xamã yanomami (KOPENAWA & ALBERT, 2015), trazendo duas reflexões principais: 1) são as práticas religiosas, em seus contextos socioculturais particulares, que promovem por meio da disposição sociocognitiva da metaforicidade a criação de encadeamentos textuais situados sobre o corpo; 2) o uso do complexo maquinário figurativo por essas coletividades sociais aponta para observação acerca da importância da apropriação pelos seres religiosos do arsenal simbólico da linguagem no movimento de luta sociodiscursiva ordinária pela existência, presença, resistência e propagação de sentidos espirituais acerca da corporeidade no mundo.

PALAVRAS-CHAVE: Linguística Cognitiva. Religião. Espiritismo. Xamanismo Yanomami. Corpo.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v9i3.2386


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