Transparência e opacidade na lusofonia: a referência cruzada nas variedades africanas do português

Gustavo da Silva Andrade

Resumo


O presente artigo descreve as formas transparentes e opacas de expressão do argumento sujeito, à luz da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), nas variedades africanas do português, provenientes de dados do português falado do século XX e XXI, compilado pelo Corpus Lusófono (NASCIMENTO, 2001). Pretendemos verificar e analisar diferenças comportamentais no tocante à expressão e à codificação da categoria de pessoa, identificando motivações funcionais e formais para a expressão do argumento sujeito ora apenas pronominalmente, sem necessitar da morfologia verbal para marcar a noção de pessoa e de número, ora de forma duplamente marcada, quando o sujeito é expresso simultaneamente por meio de uma forma pronominal e um afixo verbal. Pretendemos, assim, determinar, qualitativa e quantitativamente, o grau de transparência dessas variedades, estabelecendo uma hierarquia implicacional de transparência para o fenômeno.

PALAVRAS-CHAVE: Sujeito. Transparência e opacidade. Gramática Discursivo-Funcional.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v9i3.2411


Referências


BUHLER, K. Sprachtheorie. Die Darstellungsfunktion der Sprache. Stuttgart: Gustav Fischer, 1982 [1934].

DONOHUE, M. A grammar of the Skou language of New Guinea. Singapore: National University of Singapore, 2004.

DUARTE, M. E. L. A perda do princípio “Evite Pronome” no português brasileiro. Tese de Doutorado (Doutorado em Linguística). Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, 1995.

DUARTE, M. E. L. Do pronome nulo ao pronome pleno: a trajetória do sujeito no português do Brasil. In: ROBERTS, I.; KATO, M. A. (org.). Português brasileiro: uma viagem diacrônica. Campinas: UNICAMP, 1993. p. 107-128.

DUBOIS, J. et al. Dicionário de linguística. São Paulo: Cultrix, 2006.

GALVES, C. Algumas diferenças entre o português de Portugal e português do Brasil e a teoria de “regência e vinculação”. In: GALVES, C. Ensaios sobre as gramáticas do português. Campinas: Editora da UNICAMP, 2001. p. 33-42.

GIVÓN, T. Functionalism and grammar. Amsterdam: John Benjamins. 1995.

GIVÓN, T. Syntax: an introduction. V. 1. Philadelphia: John Benjamins, 2001a.

GIVÓN, T. Syntax: an introduction. V. 2. Philadelphia: John Benjamins, 2001b.

GUERRA, A. R. Diacronia do grau de transparência do sistema de referência por expressão pronominal e desinencial do argumento-sujeito de 1a. e 2a. pessoas no português brasileiro. Tese de Doutorado (Doutorado em Estudos Linguísticos). Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas, São José do Rio Preto, 2017.

HENGEVELD, K. Introduction. Transparency in Functional Discourse Grammar. Linguistics in Amsterdam, Amsterdam, v. 4, n. 2, p. 1-22, 2011.

HENGEVELD, K. Referential markers and agreement markers in Functional Discourse Grammar. Language Sciences, Oxford, v. 34, n. 4, p. 468-479, 2012.

HENGEVELD, K., MACKENZIE, J. L. Functional Discourse Grammar: a typologically based theory of language structure. Oxford: Oxford University Press, 2008.

HENGEVELD, K.; MACKENZIE, J. L. Grammar and Context in Functional Discourse Grammar. Pragmatic, v. 24, n. 2, p. 203-227, 2014.

LEUFKENS, S. The transparency of creoles. Journal of Pidgin and Creole Languages, v. 28, n. 2, p. 323-362, 2013.

MATTOS E SILVA, R. V. A gramaticalização numa perspectiva diacrônica: contribuições baianas. Estudos Linguísticos e Literários, Salvador, n. 29/30, p. 135-147, 2003.

MATTOS E SILVA, R. V. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe. São Paulo: Contexto, 2006.

NARO, A. J., SCHERRE, M. M. P. Origens do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

NASCIMENTO, M. F. B. do. (org.) Português Falado – Variedades Geográficas e Sociais, 2001. Disponível em http://www.clul.ulisboa.pt/pt/23-investigacao/738-portugues-falado-variedades-geograficas-e-sociais. Acesso em 30 mar 2018.

NEVES, M. H. M. A estrutura argumental preferida em inquéritos do NURC. 1994. (mimeo)

NEVES, M. H. M. Que gramática estudar na escola? Norma e uso da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004.

POPJES, J.; POPJES, J. Canela-Kraha. In: DERBYSHIR, D. C.; PULLUM, G. K. (org.) Handbook of Amozonian Language. V. 1. Berlin: Mouton de Gruyter, 1986. p. 128-199.

RUBIO, C. F.; GONÇALVES, S. C. L. A fala do interior paulista no cenário da sociolinguística brasileira: panorama da concordância verbal e da alternância pronominal. Alfa: Revista de Linguística (UNESP. Online), Araraquara, v. 56, p. 1003-1034, 2012.

SIEWIERSKA, A. Person. Cambridge: Cambridge University Prees, 2004.

SINCLAIR, J. M.; COULTHARD, R. M. Towards an Analysis of Discourse: the English used by teachers and pupils. London: Oxford University Press, 1975.

SOUZA, A. D. de. Transparência e opacidade na realização do sujeito pronominal no Português Brasileiro. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Câmpus de Três Lagoas, Três Lagoas, 2015.

SOUZA, E. R.F.; COMPARINI, A. M.; GUIRALDELLI, L. A. Referência cruzada e concordância oracional no estudo da transparência e opacidade em língua indígenas do Brasil. LIAMES, Campinas, v. 17, p. 307-340, 2017.


Texto completo: PDF

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .

QUALIS/CAPES - quadriênio 2013-2016B2 - ÁREA DE LINGUÍSTICA E LITERATURA

 

Indexadores de Base de Dados (IBDs) 
Bases de periódicos com texto completo: