O AUTOR IMPLICADO EM TRÊS CONTOS DE JOÃO DO RIO

Sabrina Ferraz Fraccari

Resumo


João do Rio (1881-1921) foi constantemente apontado como superficial por parte da crítica literária, que o acusou de, em seus escritos ficcionais, privilegiar a modernidade e a elite da Belle Époque tropical, desconsiderando a população marginalizada. Por isso, uma das hipóteses deste estudo consiste no fato de que estas críticas aproximaram demasiadamente o escritor dândi às suas obras ficcionais, tendo como critério para expor seus juízos de valor, a figura requintada que conservou João do Rio. Assim sendo, o principal objetivo deste estudo consiste em caracterizar o autor implicado nos contos “Última noite”, “D. Joaquina” e “Sonho”, de João do Rio, em contraste com as opiniões da crítica literária, sobretudo de Miguel-Pereira (1973) e Antonio Candido (1980; 2006). Para isso, recorremos às considerações de Compagnon (1999), Booth (1980), Reis (2013) e Kindt e Müller (2006) sobre o autor nos estudos literários. A percepção de artificialidade se revela equivocada quando analisamos os contos escolhidos, uma vez que todos tematizam a situação de miséria a que estavam expostas personagens marginalizadas em função das modificações impostas pela modernidade à cidade do Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Conto brasileiro. Crítica literária. Belle Époque tropical. Dentro da Noite. A Mulher e os Espelhos. Rosário da Ilusão.

DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i2.3224



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