Considerações sobre a predicação verbal e o argumento externo no português de Angola

Milanca Cabral de Brito, Eduardo Santos

Resumo


Neste trabalho, objetivamos a descrição preliminar da predicação verbal de quatro subvariedades do português faladas em Angola, em específico, das regiões de Luanda, Libolo, Benguela e Dundo, a partir da sua relação com a seleção de argumentos externos. Para Duarte (2003: 278), a oração, ou domínio sintático de predicação, encerra dois termos fundamentais: o predicado, constituinte ou sequência de constituintes formado pelo predicador e seu(s) argumento(s) interno(s), e o sujeito, constituinte responsável pela saturação do predicado, ou seja, o argumento externo do predicador. Essa relação de predicação é um dos aspectos já abordados para o português brasileiro e o europeu no que concerne a estrutura argumental dos verbos, especificamente na realização do argumento externo e da complementação verbal (Duarte 1986; Cyrino 1993,1997; Torres Morais & Berlinck 2007; Ribeiro 2015; Kato & Duarte 2017; entre outros). Faz-se necessário, então, um estudo da predicação verbal na variedade do português angolano que carece de estudos descritivos e analíticos que abordem a sentença no que tange à realização do argumento externo.

Palavras-chave: Predicação Verbal. Argumentação Externa. Português Angolano.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i3.3392


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