Uma possibilidade de leitura do poema “Alongo-me”, de Soares Guiamar, anagramático de Guimarães Rosa

Átila Augusto Soares Vital

Resumo


Pouco se fala, no campo dos Estudos Literários, a respeito da obra Ave, Palavra, de 1970, na qual João Guimarães Rosa dá à luz poemas sob a sombra de anagramáticos, isto é, autores fictícios, cujos nomes são formados por anagramas do nome do próprio autor. Neste artigo, propusemos uma leitura para o poema “Alongo-me”, de Soares Guiamar, o primeiro desses anagramáticos, lançando mão dos caminhos inicialmente abertos pela dissertação de Rossi (2007) e pela abordagem fenomenológica de Roman Ingarden, complementada por Ramos (2011). Com isso, em diálogo com a ideia de originalidade primitiva da linguagem, de Paz (1982), pudemos perceber que a própria disposição dos versos e das rimas do poema – os estratos óptico e fônico – reforçam os temas de nascimento e morte, dos quais ele trata, já que há o uso de versos longos (amadurecidos), projetados à direita, que desembocam em versos curtos (recém-nascidos), reiterando, por meio da própria imposição material da linguagem, o movimento cíclico da vida e da morte.

Palavras-chave: Alongo-me. Guimarães Rosa.  Ave, Palavra. Anagramáticos.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i3.3425


Referências


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