A supremacia da oralidade no marketing de idiomas no Brasil: reflexões sobre o ensino de língua inglesa
Resumo
Com este estudo objetivamos debater a discursividade atrelada ao ensino de língua inglesa, no contexto brasileiro, problematizando a posição de supremacia atribuída à habilidade linguística da fala/oralidade no marketing de idiomas. Trata-se da análise discursiva de propagandas de escolas de línguas (Wizard, CCAA, Wise Up e Yes), veiculadas na mídia social Youtube e na TV, no período de 2012 a 2018, buscando discorrer sobre o endereçamento de um discurso midiático que se institui pela ordem mercadológica e pela máxima da promoção da vida melhor. Encontramos fundamentação teórica e metodológica na teoria de Análise do Discurso de linha francesa, com especial enfoque nos postulados de Michel Foucault (1999, 2008, 2009), os quais estão relacionados à questão do controle do discurso, das relações de saber-poder e da constituição do sujeito. Nossos resultados vinculam-se à crítica de que a habilidade da fala recebe um trajeto de supremacia em detrimento das demais habilidades básicas essenciais, sendo ela explorada como o principal resultado a ser alcançado, constituindo-se, portanto, como marca fundamental de um discurso perpassado pelos ideais mercadológicos da qualificação e empregabilidade; ascensão profissional e vida melhor; sucesso e felicidade.
Palavras-chave: Discurso. Aprendizagem de Língua Inglesa. Propagandas de idiomas.
DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i3.3480
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