Uma reflexão bakhtiniana sobre o fenômeno da não marcação de gênero

Guilherme Alexandre da Silva

Resumo


Este artigo tem por objetivo refletir sobre o fenômeno da não marcação de gênero na Língua Portuguesa sob a perspectiva bakhtiniana de linguagem. Utilizam-se os principais conceitos do Círculo para fundamentar este trabalho, como o horizonte social avaliativo, as forças centrípetas e centrífugas, a ideologia oficial e do cotidiano e as vozes sociais. A metodologia consiste em revisitar, através de uma pesquisa de tipo bibliográfico, os fundamentos do Círculo de Bakhtin, tendo como texto base o “Marxismo e filosofia da linguagem”, de Valentin Volóchinov, e os textos de estudiosos do assunto, como Carlos Alberto Faraco, Valdemir Miotello e Augusto Ponzio. Como resultados principais, 1) propõe-se a substituição do termo comum “linguagem neutra” por “fenômeno da não marcação de gênero”, uma vez que para o Círculo não há neutralidade na linguagem, 2) observa-se que as obras do Círculo ajudam a evidenciar a luta de forças axiológicas atuantes no fenômeno da não marcação de gênero e na resistência das ideologias oficiais em negar um espaço em seus horizontes avaliativos, 3) observa-se como grupos de falantes simpatizantes que utilizam da não marcação de gênero criaram suas próprias regras oficiais.

Palavras-chave: Não marcação de gênero. Gênero neutro. Pronome neutro. Círculo de Bakhtin. Gênero não-binário.

 

DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i3.3542


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