À memória de Dyonélio Machado: algumas descobertas arquivísticas na Biblioteca Nacional
Resumo
A partir de materiais encontrados na Hemeroteca da Biblioteca Nacional, o artigo procura revisitar episódios biográficos e interpretações historiográficas produzidas pela crítica, de maneira a sugerir uma reconfiguração da memória histórica de Dyonélio Machado. Considerando a característica estatística dos materiais preservados no Arquivo Literário Dyonélio Machado (onde se encontra predominantemente rastros materiais do final de sua vida), e o momento em que foram registrados (a chamada “fase de redescoberta”), procuramos problematizar certas representações de Dyonélio como ressentido ou vítima traumatizada. Apontando as contribuições originais presentes nesses novos rastros documentais, e destacando as vozes da memória coletiva que reconheceram a dignidade de seus projetos existenciais (a política, a literatura, a medicina) e o celebraram, buscamos apresentar elementos para uma memória história que lhe faça justiça. A partir da proposição da divisão historiográfica por décadas, acreditamos ser possível narrar a trajetória do escritor levando em consideração os horizontes disponíveis em cada período, contrariando a fórmula do “olhar retroativo”, que analisa sua biografia tomando os discursos do final da vida como explicação do passado. Há algumas décadas a recepção acadêmica de Dyonélio Machado tem ganhado espaço, com reedições e publicação de inéditos, além do crescente número de teses e dissertações a respeito. Por via de novas representações, como de uma persona pública bem-sucedida ou de um escritor irônico, buscamos confrontar a memória coletiva com seu esquecimento Indicando ausências e esquecimentos no Arquivo Literário Dyonélio Machado, confrontando-as com os materiais da Hemeroteca da Biblioteca Nacional, buscamos assim oferecer subsídios para o enriquecimento de interpretações a respeito de sua vida e obra.
Palavras-chave: Dyonélio Machado. Arquivo literário. Historiografia literária. Literatura sul-riograndense. Hemeroteca da Biblioteca Nacional.
DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i4.3545
Referências
Archivos Brasileiros de Neuriatria e Psychiatria. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal, 1931.
A CÂMARA dos deputados contra prorrogação do estado de guerra. Diário de Pernambuco. Recife. Ano 112, n. 178, p. 1, 10 jun 1937.
AGUIAR, Vera Teixeira de; RAABE, Camilo Mattar; COLONETTI, Milton Roberto; PICCINI, Maurício da Silveira. Com a palavra, Dyonelio Machado. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014. E-book.
ALBÉ, Maria Helena. Uma leitura de Os ratos de Dyonelio Machado. Dissertação (Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1983.
ALIGHIERI, Dante. A divina comédia – Inferno. São Paulo: Ed. 34, 1998.
APPEL, Carlos Jorge. “Literatura Gaúcha 1964”. In: Correio do Povo, Porto Alegre, 3 jun. 1965, p. 16 e 24.
BARBOSA, Márcia Helena Saldanha; GRAWUNDER, Maria Zenilda (org.). Dyonelio Machado. Porto Alegre: Unidade Editorial Porto Alegre, 1995.
BRITO, Mário da Silva. “O relojoeiro suíço”. Correio Paulistano, Ano 91, n. 27.206, p. 7, 26 nov. 1944.
CARDOSO, Lycurgo. “A disseminação cultural representa uma alavanca de destruição porque faz pensar”. Diário de Notícias, Porto Alegre, ano 31, n. 1, Terceiro Caderno p. 1-14, 6 mar. 1955.
CARPEAUX, Otto Maria. “Cony e o realismo”. Leitura. Rio de Janeiro, ano 19, núm. 42, p.11, dez. 1960.
CARPEAUX, Otto Maria. “Reflexos do Brasil”. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, ano 64, n. 21.962, Segundo caderno p. 3, 7 nov. 1964.
CARVALHO, Augusto de. “Bandido”. A Federação, Porto Alegre, ano 42, n. 211, p.3, 11 set. 1925.
CERQUEIRA, Ede Conceição Bispo. A fundação da primeira sociedade brasileira especializada em medicina mental. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 51-66, jan-jun 2016.
CONFRATERNIZAÇÃO intelectual. O Estado, Florianópolis, ano 12, n. 3689, p.1, 21 set. 1926.
“CONVÊNIO entre Estado e União para atender o problema psiquiátrico”. Diário de Notícias, Porto Alegre, ano 34, núm. 234, p.14, 4 dez 1958.
DAMATA, Gasparino. “Uma viagem curiosa”. Revista da Semana, Rio de Janeiro, ano 57, n. 44, p. 28-29, 3 nov. 1956.
DORNELLES, Jonas. As ironias de Dyonélio em O Louco do Cati. Dissertação (Mestrado em Letras). Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2019.
GRAWUNDER, Maria Zenilda. Curso e discurso da obra de Dyonelio Machado. Dissertação (Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,1989.
GRAWUNDER, Maria Zenilda. Instituição literária: análise da legitimação da obra de Dyonelio Machado. Porto Alegre : EDIPUCRS, 1997.
IVO, Ledo. “Hora e meia com Dyonélio Machado, prêmio ‘Felipe D’Oliveira’”. A Manhã, Rio de Janeiro, ano 4, n. 1.129, p. 15, 15 abr. 1945.
JACQUES, Eunice. “Literatura e coragem de escrever e editar”. Jornal do Brasil, ano 75, n. 253, Caderno B p. 5, 27 out. 1966.
LIVROS do dia. A manhã, Rio de Janeiro, ano 1, n. 255, p. 7, 9 jun. 1942.
LIVROS do dia. A manhã, Rio de Janeiro, ano 4, n. 1.048, p. 3, 7 jan. 1945.
MACHADO, Dyonélio. “Resposta... violenta”. Máscara. Porto Alegre, ano II, n. XXII, 12 jul 1919a.
MACHADO, Dyonélio. “Um secreto temor”. Máscara. Porto Alegre, ano II, n. XXIX, 23 ago 1919b.
MACHADO, Dyonélio. “Sport”. In: Gazeta Alegretense, Alegrete, 30 jun. de 1915. Zum Zum da Capital. Paginação Irregular.
MACHADO, Dyonelio. Passos perdidos. São Paulo: Editora Moderna, 1982a.
MACHADO, Dyonélio. Fada. São Paulo: Moderna, 1982b.
MACHADO, Dyonélio. O cheiro de coisa viva. Rio de Janeiro: Graphia Editorial, 1995.
MACHADO, Dyonélio. O Louco do Cati. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2003.
MACHADO, Dyonélio. Os ratos. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2004.
MACHADO, Dyonélio. Desolação. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2005.
MACHADO, Dyonélio. Proscritos. Brasília: Siglaviva, 2014.
MACHADO, Dyonélio. Um pobre homem. Brasília: Siglaviva, 2017.
MACHADO, Dyonélio. Fada. Porto Alegre: Zouk, 2021.
MADRUGA, Artur. Dyonelio Machado. Porto Alegre: Tchê, 1986.
MARTINS, Justino. “Dyonélio Machado quebra seu silêncio”. Revista do Globo. Porto Alegre, 27 jan. 1940. p. 44-58.
MARTINS, Wilson. “A ficção menor (I)”. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, ano 90, n. 357, Caderno B p.11, 4 abr. 1981.
MARTINS, Wilson. “Situação do romance (I)”. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, ano 90, n. 95, Caderno B p. 11, 12 jul. 1980.
MOVIMENTO Literário. Carioca. Rio de Janeiro, Ano 10, n. 476, p.9, 18 nov. 1944.
NO ALTO de Petrópolis há uma cidade diferente. Diário de notícias. Porto Alegre, ano XXXIV, num. 123, p. 14, 26 jul. 1958
NA SEGUNDA quinzena de agosto o III Congresso Médico-psicológico. Diário de notícias, Rio de Janeiro, ano XXIX, n. 10.957, p. 14, 3 ago. 1958.
O MAIOR hospital de alienados do continente. A Noite. Rio de Janeiro, ano XLVI, n. 15.793, p.14, 11 dez. 1957.
OS MÉDICOS querem a liberdade do Sr. Dyonéllio Machado. A Manhã. Rio de Janeiro. Ano 1, n. 152, p.6, 18 out 1935.
PERMANECE agitada a situação nacional. A Gazeta. Florianópolis. n. 273, p.1, 20 jul 1935.
PODER legislativo. Correio da manhã. Rio de Janeiro. p. 4, 4 abr 1937.
PRESENÇA da Província. “Notícias do Rio Grande do Sul”. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, ano 8, n. 1.890, Segundo Caderno p.7, 17-18 mar. 1956.
RAABE, Camilo Mattar. Nos domínios de Terceira vigília: criação literária e edição crítico-genética de romance inédito de Dyonélio Machado. 2020. Tese (Doutorado em Letras). Porto Alegre: PUCRS, 2020.
RIBEIRO, Leo Gilson. Perfeito. No estilo, na modéstia e no pudor. O Estado de São Paulo, São Paulo, Jornal da Tarde, p. 7, 31 mar. 1979.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. São Paulo: Unicamp, 2007.
SANT’ANA, Nuto. “Livros novos”. Correio Paulistano, ano 91, n. 27.239, p. 22, 7 jan. 1945.
SOARES, Epitácio. “’O Louco do Cati”. Diário de Pernambuco, ano 138, n.99, Segundo caderno p.2, 21 mai. 1963.
SODRÉ, Nelson Werneck. “Romance revolucionário”. Correio Paulistano, ano 93, n. 27.864, p. 10, 2 fev. 1947.
“‘SORO da Verdade!’ Última chance de Chessman para provar sua inocência!”. Última Hora, São Paulo (ed. regional Paraná), ano 8, n. 2.295, p. 9, 30 set. 1959.
THOMAZ, J. Gonçalvez. “Velho problema da prostituição”. Leitura, Rio de Janeiro, ano 6, número 46, p. 15, jan. 1948.
TILL, Rodrigues. Dyonelio Machado: o homem, a obra. Porto Alegre: E.R.T., 1995.
UCHA, Danilo. Dyonelio, o perene. Zero Hora, Porto Alegre, Revista ZH, p. 4-5, 19 ago. 1979. (ou 14-15? pgs)
VELLINHO, Moysés. Letras da Província. Porto Alegre: Globo, 1960.
VERÍSSIMO, Érico. “A vida sem make-up”. Diário de Notícias. Porto Alegre, ano XI, n. 324, p. 4. 15 fev 1936.
VILLAÇA, Antonio Carlos. “Humilhados e luminosos”. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, ano 69, n. 23.408, p.4, 8 ago. 1969.
VISITA do Sr. Ministro da Justiça às casas de detenção e correção. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. Ano 47, n. 132, p.11, 8 jun 1937.
WEISS, Eduardo. Elementos de psicanálise. Porto Alegre, Editora do Globo, 1934.
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .
QUALIS/CAPES - quadriênio 2013-2016: B2 - ÁREA DE LINGUÍSTICA E LITERATURA
Indexadores de Base de Dados (IBDs)
Bases de periódicos com texto completo:
|
|  |
 |  |  |
|
| 
|
