A CRISE DO VERSO AO INVERSO
Resumo
Este trabalho objetiva propor que a poesia de José Albano realiza uma “crise de verso” parecida com a de Mallarmé. Há vários casos de poesias revolucionárias ao longo da história literária. São aquelas que mudam drasticamente a forma como se vinha tratando a poesia em certa época. A poesia de Mallarmé é conhecida por “destruir” o verso tradicional, criando uma poesia nova. Albano também provoca uma mudança drástica em relação à poesia de seu tempo, mas faz isso imitando Camões. O poeta escreve como Camões, ainda que no século XX. Propõe-se que essa seja uma “crise de verso ao contrário”. O eu-lírico de Albano sentiu a necessidade de voltar ao século XVI, pois a poesia contemporânea não correspondia ao seu ideal, que era a poesia camoniana. Para fazer essa proposta, investiga-se o que faltava na poesia contemporânea a Albano em relação ao seu ideal camoniano, apresentando-se o parnasianismo e o simbolismo brasileiros. Em seguida, faz-se uma comparação desses sistemas literários com a poesia de Camões, observando-se as divergências dela em relação ao simbolismo e ao parnasianismo. Assim, verifica-se quais são as divergências que motivam o eu-lírico de Albano a voltar ao passado. Resulta dessa reflexão que o eu-lírico de Albano pode desprezar o tratamento que o parnasiano e o simbolista dão à temática do ideal e à forma da poesia, que são diferentes na poesia de Camões.
PALAVRAS-CHAVE: José Albano. “Crise do verso”. Camões. Parnaisianismo brasileiro. Simbolismo brasileiro.
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