HOMEM PÚBLICO VERSUS HOMEM PRIVADO: AS INSINUAÇÕES DO CONSELHEIRO AIRES

Wellington Vincius da Cruz Godoi (UENP), Rita de Cássia Lamino de Araújo Rodrigues (UNESP)

Resumo


A obra de Machado de Assis, escrita no final do século XIX e início do XX, pode ser configurada como um testemunho crítico do modo como vivia o brasileiro na época da transição do regime imperial para o republicano e da abolição da escravidão. Nela ressalta-se a importância dos narradores-personagens que se destacam por seus comportamentos e modo como se referem a si e às demais personagens. Entre eles, sobressai o Conselheiro Aires, narrador-personagem dos romances Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908), que transmite para seu diário suas vivências pessoais, impressões sobre a sociedade carioca e as atitudes das personagens que o cercam. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo observar o modo como Machado de Assis constrói esse narrador e, por meio dele, transporta para essas obras alguns aspectos do Brasil de sua época, construindo personagens e histórias que, sem se apegar ao desejo de reproduzir fielmente o que acontecia, são capazes de ilustrar um pouco da realidade brasileira do final do século XIX, demonstrando como os acontecimentos públicos influenciavam as decisões de caráter privado.

PALAVRAS-CHAVE: Machado de Assis. Narrador-personagem. Público. Privado. Esaú e Jacó. Memorial de Aires.

DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v8i1.1766


Referências


ASSIS, Machado de. Obra completa em quatro volumes. Organização editorial de Aluizio Leite et al. 3. ed. São Paulo: Editora Nova Aguilar, 2015. 1 v.

BOSI, Alfredo. Uma figura machadiana. In: ______. Machado de Assis: o enigma do olhar. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 127-148.

BRANDÃO, Márcia de Oliveira Reis. O público e o privado: domínios entrelaçados em Memorial de Aires. In: SEMINÁRIO MACHADO DE ASSIS: NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A OBRA E O AUTOR, NO CENTENÁRIO DE SUA MORTE, 1., 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: UERJ, 2008. p. 01-18.

CUNHA, Martim Vasques da. A poeira da glória: uma (inesperada) história da literatura brasileira. São Paulo: Record, 2015.

GÊNESIS. Português. In: Bíblia Sagrada: Edição Pastoral. Tradução de Ivo Storniolo; Euclides Martins Balancin. São Paulo: Paulus, 1991. p. 13-67.

LEITE, Ligia Chiappini Moraes. O foco narrativo (ou A polêmica em torno da ilusão). 8. ed. São Paulo: Ática, 1997.

PASAVENTO, Sandra Jatahy. O Imaginário da Cidade: visões literárias do urbano. 2. ed. Porto Alegre: Editora Universidade/UFRS, 2002.

SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. 6. ed. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2012.

SEVCENKO, Nicolau. História da vida privada no Brasil: República: da Belle Époque à Era do Rádio. 6. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

TELES, Adriana da Costa. O labirinto enunciativo em Memorial de Aires. São Paulo: Annablume, 2009.


Texto completo: PDF

Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .

QUALIS/CAPES - quadriênio 2013-2016B2 - ÁREA DE LINGUÍSTICA E LITERATURA

 

Indexadores de Base de Dados (IBDs) 
Bases de periódicos com texto completo: