MATA TEU PAI: A FORÇA-MEDEIA ENQUANTO PROVOCADORA DE FISSURAS EM CORPOS DISSIDENTES

Morganna Lôbo (UNIJORGE), Antonio Carlos Sobrinho (UNIJORGE)

Resumo


O presente trabalho pensa o teatro de Grace Passô(2017)na sua tentativa de produzir fissuras nas/nos potenciais leitoras/leitores e espectadoras/espectadores, a partir da análise do livro/roteiro teatral Mata teu pai. Essa pesquisa surge para responder a inquietação sobre como Medeia, personagem principal do livro, pode, enquanto força, atravessar as/os leitoras/leitores ou espectadoras/espectadores e produzir fissuras. O principal objetivo do artigo é responder essa pergunta, pensando na Força-Medeia enquanto uma potência do feminino; trazendo Spivak (2010) e Lívia Natália(2018) para discutir se o subalterno pode ou não falar; e considerando o texto como lugar de aprendizagem, a partir de bell hooks(2013). A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica e esse estudo se localiza dentro das discussões sobre interseccionalidade, pensando, inclusive, a própria vivência de Passô enquanto mulher e negra. Eu pude concluir, através da análise do texto, que essa Força-Medeia resiste ao tempo e que Mata teu pai é um grito outrora contido pela escritora e que sim, atravessa as/os leitoras/leitores, e produz fissuras/aberturas/rasuras/brechas, convida-as(os) a matar o patriarcado e a repensar o quanto ainda reproduzimos o discurso do opressor e nos propõe a ensinarmos o sangue a fugir dessa lógica que estamos inseridas/inseridos de apagamentos estruturais de corpos dissidentes, matando em nós o que queremos que morra nos outros.

DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v8i2.2043


Referências


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