OS ESPAÇOS TRANSITÁVEIS E DE MEMÓRIA DE BIELA EM UMA VIDA EM SEGREDO

DANIELA DE AZEVEDO (UNIMONTES)

Resumo


Autran Dourado é conhecido pelo caráter introspectivo e regionalista de suas narrativas e pela forma singular como retrata o interior de Minas Gerais, espaço utilizado como pano de fundo para analisar os conflitos psicológicos das suas personagens em relação à morte, à solidão, à incompreensão do outro, à loucura, dentre outros temas. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo analisar o perfil psicológico de prima Biela, personagem principal de Uma vida em segredo (1964), através dos espaços físicos e de memória por ela habitados, e a forma como esses espaços transformam a sua personalidade ao longo da narrativa. Primeiro, Biela se move fisicamente da Fazenda do Fundão – espaço rural – para a cidade – espaço urbano. Porém, por ser incompreendida e por não se adaptar aos moldes de comportamento social e cultural impostos pela sociedade urbana do início do século XX, ela se transporta para o espaço rural através de suas memórias. Para que a existência de Biela tenha significado tanto para ela como para o leitor, Dourado faz uso da técnica do fluxo de consciência, dando voz a Biela através de seus pensamentos que, de certa forma, se transformam em suas ações, ora de submissão, ora de resistência. As considerações teóricas de Gaston Bachelard (1993) e Yi-Fu Tuan (1983), sobre espaço literário e espaço geográfico, e os estudos de Robert Humphrey (1976), sobre fluxo de consciência, constituem a base teórica para esta breve análise sobre a importância do papel dos espaços nos romances de Autran Dourado.DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v8i2.2102

Referências


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