“Vagidos na cama-teia”: insurgências na lírica brasileira contemporânea de autoria feminina
Resumo
O presente estudo tem por objetivo analisar as insurgências forjadas na lírica brasileira contemporânea de autoria feminina. Historicamente, o espaço e o círculo literário sempre estiveram implicados e comprometidos com o homem branco cis. A produção e a representação literárias, até o início do século XX, privilegiaram a ótica e a lógica masculinas. Nesse contexto, as mulheres ocupavam um espaço secundário que não se refere à qualidade das produções, mas, antes, ao número inexpressivo de produções literárias de autoria feminina, dada a estrutura da sociedade patriarcal, pensada e forjada por e para os homens. A partir da segunda metade do referido século, houve uma mudança qualitativa e producente no meio literário: a presença de Carolina Maria de Jesus e de Clarice Lispector, para citar apenas duas, revelam o que viria adiante. O século XXI propiciou, notadamente, uma efervescência e um sentimento de democracia acerca do direito à literatura e que se transformou num número cada vez mais convincente de mulheres poetas, dispostas a descosturar os fios que unem e que formam os paradigmas e invadir os espaços higiênicos do cânone literário, seja pela via do arrombamento, seja pela via dos convites forçados, já que não podem mais esconder e invisibilizar a presença da mulher, agora com dicção própria, na literatura. Nesse sentido, esse estudo se propõe a refletir acerca da produção de cinco mulheres poetas da cena literária contemporânea, publicadas em uma antologia da Revista Organismo (2018), organizada pelos poetas Cazo Fontoura e Daniela Galdino. O estudo se debruça nos movimentos insurgentes realizados pela voz lírica feminina, a partir das noções de Subalternidades (SPIVAK, 2014) e de Planetas sem boca (ACHUGAR, 2006).
Palavras-chave: Subalternidades. Insurgências. Lírica Contemporânea. Autoria Feminina.
DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i3.3415
Referências
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