Aspectos da identidade brasileira em canções dos anos 2000: representação do Brasil na música popular
Resumo
A literatura brasileira, por meio de manifestações do gênero lírico, reflete sobre a cultura nacional e, desde suas primeiras ocorrências, procura defini-la. O fenômeno revela-se no poema romântico “Canção do exílio” (1843), em escritos modernistas de Oswald de Andrade (1924-1925) e em canções como “Aquarela do Brasil” (1939) e “Querelas do Brasil” (1978). Neste artigo, analisam-se três canções recentes da música popular brasileira, compostas entre os anos de 1998 e 2010 por artistas consagrados: “A cara do Brasil”, de Vicente Barreto e Celso Viáfora, “Brasis”, de Gabriel Moura, Seu Jorge e Jovi Joviniano e “Sob o mesmo céu”, de Lenine e Lula Queiroga. As canções servem de base para compreender quatro eixos constituintes da identidade nacional brasileira, definidos por historiadores, sociólogos, antropólogos e filósofos: a diversidade da natureza, a multietnicidade da população, a estratificação social e a perpetuação da violência. A análise das canções demonstra como esses elementos dialogam com a formação da subjetividade do brasileiro e como influenciam a configuração do país sob o ponto de vista histórico. Por fim, o artigo sublinha o importante papel do artista não só em cantar belezas e denunciar mazelas, mas também em apontar outros caminhos possíveis para a definição da identidade nacional.
Palavras-chave: Poesia. Canção popular. Cultura brasileira. Identidade nacional.
DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i4.3637
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